in Jornal Público,
De facto, a “flor do monte” faz uma descida etimológica ao extremo
oposto ao ser baptizada pelos Romanos de “orvalho do mar”, fruto do seu
aroma característico. E o alecrim faz essa junção fantástica entre os
aromas da terra e do mar, parecendo que quando o utilizamos estamos a
levar simultaneamente uma floresta e uma praia para dentro de casa!
Este fascínio aromático do alecrim faz com que muitas vezes seja
plantado junto a apiários de modo a fazer a delícia das abelhas e
aprimorar o sabor do mel. Poderíamos passar o artigo inteiro a falar
sobre este fantástico e inconfundível contributo sensorial que o alecrim
dá aos alimentos que o rodeiam, mas as suas vantagens não se esgotam na
sua fragrância.
Neste contexto, o alecrim depois de seco é a erva aromática com maior
capacidade antioxidante no seu estado puro, sendo apenas superado pelo
cravinho e orégãos, mas em pó. Os compostos que conferem ao alecrim todo
este potencial (ácido rosmarínico, cafeico e carnósico) são os
responsáveis pelo seu efeito protector em alguns tipos de cancro – com
destaque para o colorectal - ao diminuir a expressão de genes
pró-inflamatórios implicados no desenvolvimento tumoral.
Também na modificação positiva das “gorduras do sangue” o alecrim tem
uma palavra a dizer, tanto na diminuição do colesterol total e
triglicerídeos, como na inibição de fenómenos de peroxidação lipídica,
evitando assim complicações como a aterosclerose.
O alecrim será assim melhor se estiver mais próximo do mar do que da
terra. Embora seja igualmente um excelente tempero para carnes fortes, é
na companhia do peixe que alia plenamente o seu aroma ao seu potencial
terapêutico.
*Assistente Convidado da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto
pedrocarvalho@fcna.up.pt
pedrocarvalho@fcna.up.pt
Fonte e imagem: http://lifestyle.publico.pt/dicionario/312147_a-de-alecrim