David Servan-Schreiber: "A minha saúde é muito melhor do que antes de ter tido cancro"

in Jornal Público, 29.05.2010 -  Por Ana Gerschenfeld

"Todos somos portadores de células cancerosas, a partir de certa idade. Mas apenas uma pessoa em cada quatro vai morrer de cancro. Qual é o segredo das outras três? As suas defesas naturais, afi rma o médico e cientista francês David Servan-Schreiber. E é possível estimularmos essas defesas naturais através do nosso estilo de vida, para prevenir ou lutar contra o cancro.


David Servan-Schreiber tem 49 anos e formou-se em Neuropsiquiatria pela Universidade de Pittsburgh, nos EUA. Aos 31 anos, soube que tinha um tumor maligno no cérebro. Mas ainda cá está e diz-se de óptima saúde. Sorte? Nada disso, explicou em duas conferências – uma para médicos, a outra para o público – durante o 3.º Congresso de Medicina Antienvelhecimento, que teve lugar há uma semana, em Cascais.

A luta de Servan-Schreiber contra a doença mortal com a qual convive há 18 anos levou-o a tentar desemaranhar o novelo dos inúmeros estudos científicos sobre o cancro e a tentar dar-lhe sentido, para perceber o que torna umas pessoas mais resistentes ao cancro do que outras. As suas respostas estão no livro Anticancro – Uma nova maneira de viver, editado em Portugal pela Caderno em 2008 e que se tornou um best-seller mundial.

Servan-Schreiber é um divulgador espectacular e convincente. Mas há ainda muita coisa por demonstrar cientificamente nas suas ideias. Até agora, tudo o que afirma baseia-se em estudos epidemiológicos ou em experiências in vitro e em animais. Mas argumenta que as mudanças de estilo de vida que preconiza não podem fazer mal nenhum – e que, se funcionarem, mais vale começar a aplicá-las já do que esperar.

Antes de escrever o livro receou que a sua abordagem desse falsas esperanças a outros doentes com cancro. Mas percebeu que o que acontece é que eles vivem numa situação de “falso desespero”, porque sentem que não têm qualquer controlo sobre a sua doença e a sua vida, e decidiu transmitir-lhes as suas “mensagens de verdadeira esperança”. Como um verdadeiro guru.

Você teve um cancro. Qual é a sua história?
Eu era um jovem médico universitário, cientista, director de um laboratório de estudo das emoções através de imagens do cérebro obtidas por ressonância magnética. Tinha 31 anos e era muito ambicioso. Num fim de tarde, o voluntário que devia submeter-se à experiência desse dia faltou e decidi ser eu a entrar no scanner para o substituir. Foi assim que descobri que tinha um cancro do cérebro. Tive muita sorte, porque o tumor foi apanhado muito cedo e fui operado bastante depressa.

Mas o cancro voltou.
Tudo correu bem até à recaída, há dez anos, em 2000. Dessa vez foi mais grave, porque o tumor era maior e mais agressivo. Tive de ser novamente operado e de fazer quimioterapia e radioterapia.

Foram a cirurgia e os outrostratamentos do cancro que lhe salvaram a vida das duas vezes.
Claro. Mas foi nessa altura que pensei que provavelmente isso não seria sufi ciente: as estatísticas de sobrevivência a este tipo de tumores não são boas. E decidi ver o que eu próprio podia fazer para reforça a capacidade de o meu corpo combater a doença.

No seu livro Anticancro descreve uma série de regras simples de estilo de vida que podem ajudar a combater a proliferação cancerosa. Quais são?
Ter atenção ao que comemos para que, se possível, a comida que ingerimos três vezes ao dia contribua para fazer abrandar a proliferação cancerosa. Como se tomássemos pequenas doses de medicamentos todos os dias. Não têm qualquer efeito tóxico – antes pelo contrário, só trazem benefícios para a saúde.

Também é preciso manter um certo nível de actividade física, pois isso estimula todas as capacidades promotoras da saúde do corpo – e em particular o sistema imunitário e a eliminação pelo organismo das substâncias cancerígenas. Por outro lado, temos de aprender a gerir melhor o nosso stress através de métodos simples de relaxação e de relacionamento com os outros. E, por último, devemos evitar ao máximo os produtos tóxicos cancerígenos.

Ao ler o seu livro, fi camos com a ideia de que ter um cancro para si foi quase uma coisa boa, que melhorou a sua vida.
Sem dúvida. E muitas pessoas que tiveram cancro dizem a mesma coisa – que agradecem ao seu cancro por lhes ter permitido pôr ordem na sua vida. Isso também acontece, aliás, às pessoas que sofreram um enfarte. É uma grande martelada, mas leva muitas pessoas a arrumar as suas vidas. Mas o que mais me espanta é que a minha saúde é muito melhor hoje do que antes de ter tido cancro. O meu estado de saúde é melhor aos 49 anos do que quando tinha 28 ou 29 anos.

Afi rma que assistimos actualmente a uma epidemia de cancro, com maior incidência nos jovens do que no passado. Os médicos estão cientes disto, nomeadamente em relação ao cancro da mama. Quais são as causas desta epidemia?
Uma mistura de factores alteraram completamente o nosso estilo de vida a partir do fim da Segunda Guerra Mundial, em particular nas sociedades da Europa ocidental e da América do Norte. A nossa alimentação foi totalmente transformada, passámos a ter muito menos actividades físicas, as redes sociais e de amizade foram-se degradando – e reduzimos a nossa exposição ao sol (e, portanto, os níveis de vitamina D no organismo). Ao mesmo tempo, começámos a ser expostos a produtos químicos com uma intensidade sem precedentes. Juntos, todos estes factores criam um terreno propício à progressão do cancro no corpo humano. Não diria que provocam forçosamente o cancro, mas criam um terreno propício.

Fala-se muito da predisposição genética para o cancro e fica-se com a ideia de que há pessoas a quem calhou um “mau” número na lotaria genética. Um exemplo disso são os genes BRCA1 e 2, responsáveis pela maioria dos cancros hereditários da mama e do ovário. Mas, na sua opinião, o nosso destino não fica determinado à nascença. Acha mesmo que temos o poder de contrariar essa lotaria?
O que nos dizem estudos recentes é que, se as mulheres que têm mutações nesses genes não fizerem nada de particular, o seu risco de contrair cancro da mama é de 80 por cento. Mas também nos dizem que, quanto maior a quantidade de legumes na alimentação dessas mulheres, mais pequeno o risco.

E isso apesar das mutações: as participantes com mutações nesses genes que comiam as maiores quantidades de vegetais viram o seu risco de cancro da mama reduzido em 73 por cento em relação àquelas que comiam as quantidades mais pequenas. Cerca de 15 por cento dos cancros têm uma componente genética. Mas mesmo quando essa componente existe, os factores ligados ao estilo de vida desempenham um papel importantíssimo, tanto para fazer com que esses genes de cancro se expressem como para impedir a sua expressão.

Na alimentação, o que é que promove o cancro?
Para além do tabaco e do álcool, em primeiro lugar o açúcar e as farinhas brancas. É pena, porque as farinhas brancas são muito apetitosas. Mas no corpo elas transformamse imediatamente em açúcar. Depois temos os óleos de girassol, soja, milho; a carne e os produtos derivados de animais criados com rações à base de soja e de milho (em vez de pastagens). Do lado dos contaminantes químicos, certos pesticidas, certos produtos químicos presentes nos perfumes e nos cosméticos (parabenos e ftalatos), o tetracloroetileno (o solvente da limpeza a seco) ou o bisfenol A (BPA), que é libertado pelos plásticos duros quando são expostos a alimentos ou líquidos quentes.

É uma agressão permanente...
É. Mas isso não quer dizer que todas as pessoas que tenham bebido uma chávena de chá aquecido no microondas numa caneca de plástico duro vão morrer de cancro, porque existem imensos factores que podem compensar esse efeito. Também fazem parte da equação, do equilíbrio, o facto de ser fisicamente activo, de comer com frequência legumes anticancro, de ter bons níveis de vitamina D no organismo e uma rede social de qualidade. São os desequilíbrios que fazem aumentar as probabilidades de o cancro se desenvolver.

Mas, apesar de todas estas mudanças supostamente perigosas de dieta e outras, a esperança de vida – e de vida com qualidade – aumentou nitidamente nas sociedades ocidentais. Isso não é paradoxal?
A esperança de vida que aumentou foi a das pessoas que nasceram antes de 1950. A esperança de vida das crianças que nascem hoje nos Estados Unidos é inferior à dos seus pais. E é a primeira vez na História da humanidade que isso acontece.

Aquilo a que chama alimentos “anticancro” – biológicos, em particular – continuam a ser mais caros do que os outros. Como comer “anticancro” quando se tem uma família para alimentar?
Não é totalmente verdade que os alimentos biológicos sejam muito mais caros. Tem mesmo havido estudos sobre a questão. Mas, sobretudo, é preciso passar para uma alimentação de tipo mediterrânico, com quantidades muito mais pequenas de produtos de origem animal. Basta cortar na quantidade de carne que comemos para poupar dinheiro. Se substituirmos a carne por lentilhas e feijões, garanto que o orçamento alimentar da família diminui. E não somos obrigados a comer apenas alimentos biológicos. É melhor, mas não é vital. Mais vale comer brócolos, mesmo que tenham resíduos de pesticidas, do que não comer brócolos nenhuns.

A carne não é importante para o crescimento das crianças?
As crianças vegetarianas têm um crescimento tão saudável como o das outras. A alimentação tem de fornecer proteínas, mas uma mistura de feijão e de arroz, por exemplo, fornece a mesma quantidade de proteínas que um bife.

Há uns anos, um grande estudo sobre suplementos de betacaroteno revelou-se não só decepcionante mas sugeriu mesmo que os comprimidos de beta-caroteno faziam aumentar a incidência de certos cancros. Por que é que os especialistas insistem neste tipo de estudos se, como já referiu, um único ingrediente não chega para combater o cancro?
A medicina procura sempre extrair um agente activo. O que eu tento mostrar é que isso não faz sentido. O cancro é um desequilíbrio entre inúmeros factores que o promovem e inúmeros factores susceptíveis de o travar. Se pretendermos utilizar apenas um ingrediente, o mais provável é que não observemos qualquer efeito.

Isso também vale para os ómega-3 [gorduras essenciais, contidas nomeadamente no peixe]? Explica que os ómega 3 são gorduras anticancro cruciais, mas sozinhos também não chegam?
Não, não chegam. É óbvio.

E o que é melhor, tomar um comprimido de ómega 3 ou ir buscar o ómega 3 aos alimentos?
Ir buscá-lo aos alimentos. O peixe, por exemplo, que contém muito ómega 3, também tem outras coisas muito úteis, como o selénio, o iodo, para além de ser uma boa fonte de proteína animal sem muitos dos inconvenientes da carne.

Considera o álcool como um agente de cancro, mas o vinho tinto como uma excepção. Mais vale engolir um comprimido de resveratrol [o ingrediente “anticancro” responsável pelos benefícios do vinho tinto], beber vinho tinto ou comer uvas pretas?
Há menos resveratrol nas uvas do que no vinho tinto, porque a fermentação contribui para extrair o resveratrol das uvas. É difícil dar uma resposta, porque a vantagem dos comprimidos é que não contêm álcool. Mas é um facto que um pouco de vinho tinto (mesmo pouco!) parece contribuir para a eliminação do cancro e favorecer a saúde em geral. E não devemos esquecer que o vinho tinto é também benéfico para a saúde cardiovascular. Mas mal ultrapassamos certas doses, verifica-se o efeito contrário: o vinho torna-se promotor do cancro.

Diz que as margarinas que fazem baixar o colesterol contribuíram para fazer aumentar não apenas a incidência do cancro, mas também a das doenças cardiovasculares. Não é o que costumamos ouvir.
Acontece que podemos fazer diminuir o colesterol e ao mesmo tempo aumentar os riscos de doenças cardiovasculares – e é o que este tipo de margarina faz [contém ómega 6, uma outra gordura essencial que, em níveis excessivos, tem sido apontada como promotora de doenças cardiovasculares e de cancro].

A questão do colesterol é muito complexa, mas o nível de colesterol é de facto menos importante do que o equilíbrio ómega 3/ómega 6, porque não temos medicamentos para mudar este equilíbrio – que depende, portanto, unicamente da nossa dieta –, mas temos medicamentos para diminuir o colesterol. Fala-se muito do colesterol e não o sufi ciente do equilíbrio ómega 3/ómega 6.

Se não devemos pôr nem manteiga nem margarina na nossa torrada do pequeno-almoço, o que é que nos resta?
Azeite. É delicioso. Mas comer pão também não é uma grande ideia.

Mesmo pão integral?
O pão integral também não é a melhor escolha, tem de ser multicereais. E, mesmo assim, é muito mais aconselhável comer muesli (ou uma mistura de cereais e frutas) com um iogurte biológico ou de soja. Isso é que contém muitas coisas que vão estimular a saúde do nosso corpo, não o pão.

Só deveríamos comer produtos frescos?
O que é preciso evitar são os chamados ácidos gordos trans – que são gorduras que não ficam rançosas e, por isso, são muito utilizadas na indústria alimentar. Mas isso, toda a gente o diz. E se consumirmos conservas, é melhor escolher as que vêm em boiões de vidro. Também podemos comer alimentos congelados.

Diz que os médicos continuam a transmitir aos seus doentes com cancro uma mensagem de “falso desespero”, ao dizerem que, em termos de estilo de vida, não há muito a fazer. Chegam a dizer que, para tal ou tal cancro, o doente pode continuar a fumar, porque isso não faz grande diferença. É possível mudar essa atitude “derrotista”?
É o que tento fazer. Nas minhas conferências, falo de um estudo que mostra uma redução de 68 por cento do risco de cancro da mama em mulheres que aprenderam a mudar o seu estilo de vida. Mas, mesmo quando há um ensaio como este, ninguém ouviu falar dele. Porquê? Porque ninguém convida os médicos a passar dois dias em Cascais, com todas as suas despesas pagas, para se inteirarem dos benefícios das frutas e dos legumes, do jogging ou das técnicas de relaxação. Há muito pouco dinheiro para fazer estudos quando não há nada que possa resultar numa patente.

Mas é preciso ter em conta que cada um destes elementos, isoladamente, pesa muito pouco na balança. Comer apenas brócolos não trava o cancro. Fazer jogging e mais nada não trava o cancro. É quando começamos a juntar todas estas coisas que obtemos resultados.

Existe uma pressão sobre os médicos por parte dos laboratórios farmacêuticos para não falarem de alterações do estilo de vida?
Não é preciso. Os laboratórios farmacêuticos não têm sequer de mexer um dedo, porque as barreiras que impedem que isto penetre a prática médica são muito efi cazes. Os médicos não recebem mais dinheiro por darem conselhos nutricionais aos seus doentes, antes pelo contrário, uma vez que acabam por passar mais tempo com cada doente.

Considera-se livre do seu cancro hoje?
Não.

E não pensa que, no fundo, teve sobretudo sorte – pelo facto de o seu tumor ter sido operável e de a quimioterapia e a radioterapia terem resultado?
Eu não sou uma experiência científi ca. O que digo no meu livro não se baseia no sucesso ou no fracasso do meu caso pessoal – e ainda bem. Não possuo nenhum método garantido a 100 por cento, não sei o que me irá acontecer daqui a três meses ou três anos. Mas isso não altera a validade do que digo. Tento pôr todas as chances do meu lado, mas em relação ao resto não tenho qualquer controlo. Claro que poderíamos dizer que tive sorte: quando olhamos para as estatísticas, há menos de dois por cento das pessoas com a mesma doença que eu e que estão hoje no mesmo ponto que eu.

O que faz actualmente?
Lancei um programa de investigação com o Centro de Estudo do Cancro MD Anderson de Houston [Universidade do Texas], para testar a minha abordagem através de medições biológicas. Queremos ver como é que as mudanças de estilo de vida modifi cam a natureza do terreno do corpo, fazendo com que as células cancerosas tenham menos hipóteses de proliferar. E estou a trabalhar num livro de receitas de cozinha, com indicações muito precisas em termos de alimentação. É que convém que o resultado seja saboroso.

Dicas
Alguns ingredientes do estilo de vida "anticancro", a consumir em simultâneo

  • Eliminar açúcar e farinhas brancas, promotoras de cancros. Num século, o consumo per capita de açúcares refinados passou de uns quilos por ano para 80 nos EUA, a maior parte dissimulada nos alimentos (uma lata de refrigerante açucarado contém 12 pacotes de açúcar). Substituir por farinhas integrais, arroz integral ou basmati, massa semi-integral, pão multicereais, lentilhas, feijão, chocolate preto, frutos vermelhos.






  • Restabelecer o equilíbrio ómega 3/ómega 6, gorduras essenciais que o organismo só pode ir buscar aos alimentos. No Ocidente, os óleos alimentares industriais e a mudança de alimentação do gado levaram a um excesso de ómega 6, promotor da proliferação celular e da inflamação (que o ómega 3 inibe). Alimentos que promovem o equilíbrio: carne, ovos e lacticínios "bio", leite e iogurtes de soja, azeite. Alimentos ricos em ómega 3: óleo de linhaça, sardinhas e atum (em azeite quando são de lata), salmão, etc.






  • Consumir muita fruta e legumes evitando os pesticidas. Servan-Schreiber prefere fruta e legumes "bio" no caso dos frutos vermelhos, uvas, pepinos, aipo, espinafres, feijão-verde, courgettes, etc. (se não forem "bio", podem ser lavados ou descascados para diminuir os resíduos). Brócolos, couves, tomates, cebolas, beringelas, ervilhas, abacates, mangas, ameixas, etc. estão menos contaminados. Certos frutos e legumes poderão ter uma acção anticancro específica (e variável conforme o cancro). O chá verde e o vinho tinto (um copo por dia) também. Convém ainda banir certos produtos cosméticos, arejar as peças de roupa após limpeza a seco, não aquecer os alimentos em recipientes de plástico duro e não beber água da torneira nas zonas de agricultura intensiva.






  • Saber pedir ajuda e gerir o stress. As redes de amizade deterioraram-se, pelo menos nos EUA, porque a mobilidade das pessoas aumentou. Os doentes com cancro que têm amigos chegados e maior apoio psicológico parecem, segundo alguns estudos, resistir melhor à doença. E diversas técnicas de relaxação permitem gerir o stress. O stress em si, explica o médico, não é responsável pela diminuição das defesas imunitárias; é-o indirectamente pela maneira como lidamos com ele. O mais prejudicial é o sentimento de impotência, de perda de controlo sobre a sua própria vida.






  • Manter bons níveis de vitamina D e evitar a sedentariedade. As pessoas trabalham muito menos no exterior, o que fez diminuir a actividade física e, nas regiões com pouco sol, dos níveis de vitamina D - vitamina que, explica Servan-Schreiber, tem uma acção anticancro. Muitos especialistas já aconselham andar a pé 30 minutos por dia, seis dias por semana. E, para compensar o défice em vitamina D, pode-se apanhar mais sol, tomar suplementos vitamínicos ou mesmo... engolir de vez em quando uma colher de óleo de fígado de bacalhau."




  • Fonte e imagem:
    http://www.publico.pt/Sociedade/a-minha-saude-e-muito-melhor-do-que-antes-de-ter-tido-cancro_1439607

    Du poison dans l’eau du robinet

    "Un film de Sophie Le Gall.

    L’eau du robinet est-elle potable ? Sans le savoir, des millions de Français boivent une eau trop chargée en aluminium, nitrates, pesticides, médicaments et en radioactivité. Dans certains cas, l’eau est même non-conforme aux normes de précautions sanitaires. Ce danger invisible menace les foyers et la santé des Français, des plus jeunes aux plus âgés. Sophie Le Gall, la réalisatrice de ce documentaire d’investigation a parcouru la France pour recueillir les preuves de la contamination et interpeller les autorités.

    Résultats de son enquête ?

    Dans le Centre et en Ile-de-France, l’eau du robinet regorge de pesticides ou de nitrates, ces traitements chimiques qui sont soupçonnés d’être à l’origine de cancers. Les autorités le savent mais elles délivrent régulièrement des dérogations qui permettent de distribuer une eau qui dépasse les normes pesticides ou nitrates.

    Dans des villages d’Auvergne ou à Saint Etienne, les habitants boivent une eau blanchie avec de la poudre d’aluminium qui pourrait déclencher la maladie d’Alzheimer. Les doses dépassent largement le seuil de risque fixé par certains scientifiques mais les autorités ignorent les dangers de ce neurotoxique.

    La réglementation fait par ailleurs l’impasse sur le radon, ce gaz hautement radioactif, présent dans l’eau potable de plusieurs villages du Limousin. Résultat, des habitants boivent une eau chargée en radon sans en être informés.

    Depuis quelques années, des citoyens et des scientifiques isolés tirent la sonnette d’alarme sur ces toxiques qui coulent de nos robinets. Partout en France, l’eau potable charrie désormais des résidus médicamenteux : antiépileptiques, aspirine, antidiabétique. Nul ne connait l’impact sur la santé des populations exposées. Pour décontaminer l’eau potable des Français, il faudrait bâtir des usines pour éliminer nitrates et pesticides, investir pour filtrer les molécules de médicaments, protéger les réserves d’eau des pollutions… Mais les communes et les grandes compagnies de distribution de l’eau ne souhaitent pas que de nouvelles règles viennent compromettre leurs affaires. En tant pis si les Français trinquent à leur santé.

    Le documentaire sera suivi d’un post-scriptum présenté par Marie Drucker. Cette partie est un prolongement du film, un lieu de discussions avec auteur, réalisateur, témoin ou expert, pour que les téléspectateurs puissent se forger leur propre opinion.

    - Du poison dans l’eau du robinet - Un film de Sophie Le Gall - Produit par Ligne de Mire avec la participation de France Télévisions - Durée : 90’ - Diffusion : Lundi 17 mai 2010 à 20h35 sur France 3

    L’eau du robinet en débat

    La diffusion sur France 3 de ce documentaire consacré à l’eau du robinet interpelle de nombreux lecteurs (lire le forum ci-dessous). Pour alimenter votre réflexion et le débat, je vous invite à relire sur CDURABLE.info :

    - "L’eau potable et le cancer : les recommandations de consommation du WWF et du médecin David Servan-Schreiber rouvrent le débat" publié en juillet 2009. Si l’ONG admet que l’eau du robinet est en général de bonne qualité en France si l’on prend comme critères d’évaluation les normes réglementaires, elle se demande si est suffisante pour les personnes malades du cancer ou qui sont passées par la maladie. Selon le WWF, de nombreuses études établissent des liens entre cancer et polluants de l’eau. Une campagne qui fait déjà grand bruit, ce qui amènent les associations Agir pour l’environnement, l’ACME et France Nature Environnement à réagir aux préconisations proposées par le panda et d’inviter "les citoyens à solliciter massivement les pouvoirs publics locaux et nationaux pour que l’eau du robinet, publique et jusqu’à 100 fois moins chère que l’eau en bouteille, soit de bonne qualité partout en France". Pour lire cet article, cliquez ici.

    - L’eau du robinet est-elle dangereuse pour notre santé ? publié en janvier 2008. Cette eau du robinet que nous consommons, est-elle totalement inoffensive ? Cette question est posée par un collège de scientifiques et en particulier par deux experts français : Henri Pezerat, toxicologue, directeur de recherche honoraire au CNRS et François Dartigues, l’ancien patron du laboratoire Inserm à Bordeaux . Selon Henri Pezerat, "plusieurs études épidémiologiques ont en effet conclu à une augmentation notable de l’incidence de la maladie d’Alzheimer avec une concentration anormalement élevée de l’aluminium dans l’eau". Pour lire cet article, cliquez ici.

    - "Pollution : des traces de médicaments dans l’eau des rivières et de la Méditerranée" publié en décembre 2008. De récentes études démontrent que les stations d’épuration n’éliminent pas les résidus de médicaments contenus dans les eaux usagées, ce qui contribue à la pollution des rivières. Les conséquences de cette pollution sont importantes, des poissons hermaphrodites ou qui changent de sexe, des êtres humains qui résistent aux traitements antibiotiques et, vraisemblablement, d’autres retombées que l’on ne connaît pas encore. Pour lire cet article, cliquez ici.

    - Eau en bouteille : le grand retour de la publicité idéologique publié en février 2010. Depuis plusieurs semaines, la société d’eau en bouteille Cristaline diffuse des jeux de 7 familles dans les packs d’eau vendus et communique par le biais de publicités dans les magazines. Cinq associations de protection de l’environnement dénoncent une nouvelle campagne publicitaire mensongère contre l’eau du robinet qui induit une nouvelle fois le consommateur en erreur. Pour lire cet article, cliquez ici."

    Fonte:
    http://www.alterinfo.net/Du-poison-dans-l-eau-du-robinet_a46117.html

    Medical Establishment Acknowledges Role of Chemicals and Pesticides in Cancer Epidemic

    May 11th, 2010 - by: David Servan-Schreiber, M.D., Ph.D. 
     
    "Every year a committee delivers a report to the US President on how the billions of dollars earmarked for fighting cancer are being used. On May 6 that committee handed in its work for 2010, alerting the President to the gaps in research regarding the environmental causes of cancer. This year, for the first time, this high-brow panel of oncologists courageously pointed the finger at chemicals and other environmental factors that are likely to cause cancer.

    In their introduction, the signatories of the report that was handed to President Obama note that the incidence of cancer in children has been rising regularly, a fact that can’t be explained by the usual excuses for rising cancer rates in the population over the past thirty years (aging of the population, increasing use of cancer screening). By definition, as I wrote in Anticancer, neither the increasing age of our population, nor the improvement of screening, have any role in rising rates of cancer in children. Indeed, as the panel now acknowledges, the only plausible explanations have to do with changes in our environment and life-style.

    The panel criticizes the current "reactionary" approach, which consists in waiting for proof of the toxicity of a contaminant before measures are taken to reduce people's exposure.

    The authors underline the need for a new approach based on the precautionary principle. They criticize the ineffectiveness of the agencies set up to do scientific evaluations -- which are excessively influenced by industry and related lobbies. They point out that it is no longer acceptable that a product or chemical be considered “safe” simply because the company producing it affirms that it has conducted internal research establishing safety.

    The panel presents to the President a number of arguments that have long been made by activists that have been concerned about a laissez-faire approach to regulating chemicals in terms of their possible effects on health.

    Firstly, even when a pollutant is present in our environment at levels beneath the regulatory maximum, it may nonetheless become toxic because of interaction with other pollutants. The committee asks for more research on this often-neglected "cocktail effect".

    Secondly, the authors call -- "urgently" -- for more research regarding the effect of cell phones and their increased dissemination among teenagers and young children in particular.

    Below are the specific recommendations that the report states most need to be conveyed to the public in the short term:
    * Avoid endocrine disruptors, especially for children and pregnant women. (This includes a number of pesticides, but also children toys made with plasticizers such as phtalhates)
    * If you work in a polluted environment, don't go home in your work clothes and work shoes.
    * Filter your drinking water (particularly in areas where it may contain industrial chemicals or high levels of pesticides)
    * Don't keep your food or water in containers containing Bisphenol A or phtalates (hard plastic containers)
    * Prefer organic food. Avoid overcooked meat.
    * Have the level of radon in your home evaluated.

    I addressed all these themes in my book, Anticancer, and I continue to do so regularly on this site and in my public lectures. I'm deeply satisfied to see that these concerns are starting to be recognized by the oncologists who contribute to setting policy at the highest levels in the United States. It is important that they begin to recognize that these are not issues relevant only to a few agitated activists. These concerns are motivated by solid scientific studies and they should be at the core of any future policy to contain the current cancer epidemic.

    The 2010 President’s Cancer Panel report is available from the US National Cancer Institute’s Web site at:
    http://deainfo.nci.nih.gov/advisory/pcp/pcp.htm"

    Fonte:

    Receitas Indianas


    Berry Dal

    This dal uses tadka (pronounced ‘tur-ka') - a magical mix of spices sizzled in hot oil - to infuse the dish with flavour.
    It's served thick, a consistency created by adding a little hot water at a time and only when the lentils dry up and start spluttering on to the kitchen tiles. Serves 4.
    Ingredients:
    125g (4½oz) huskless moong (split yellow) lentils
    ¼ tsp turmeric powder
    1 tsp ghee
    1 pinch of asafoetida
    1 tsp cumin seeds
    1 dried long red chilli
    ¼ tsp chilli powder
    Salt
    Method:
    1. Place the lentils in a sieve and rinse thoroughly under a cold tap until the water runs clear. Put them in a medium pan and cover with twice as much cold water as lentils. Add the turmeric and boil gently on a medium heat, keeping alert for the first couple of minutes to make sure the pan doesn't boil over.
    2. As it boils, the dal will produce scum, which you need to skim off the
surface. Every time the lentils begin to dry out, add a little bit more hot
water. The consistency of this dal should be thick, like soup from a carton.
    3. When the lentils start integrating with the water in the pan (which will 
take about 20 minutes) you can make the tadka. Heat the ghee in a small
frying pan. When it begins to bubble, add the asafoetida. This stuff smells 
disgusting - you have been warned - but tastes amazing! Then add the 
cumin seeds, the chilli pepper and the chilli powder. Let it all sizzle for
a few seconds and then pour the tadka over the dal.
    4. Heat the dal for another minute as you mix in the tadka. Add salt
to taste, and voilà, the Berry Dal is ready. This is best eaten with rotis 
dunked in it.
    Miss Masala by Malika Basu is published by Collins, priced £14.99.
    Words by Mallika Basu, Thursday 29 April 2010


    Mango Fool

    Cooling puréed mangoes folded into crème fraîche
    The mango fool is hands down the most powerful antidote to a spicy meal. Normally this dessert is a creamy blend of ice-cold, ripe mango purée and heavy double cream. But I opt for the healthier but equally delicious alternative of lower-fat crème fraîche to return sensation to our mouths. Serves 4.
    Ingredients:
    2 ripe large mangoes or 1 x 425g can of mango pulp
    4 green cardamoms
    4 heaped tbsp crème fraîche
    light muscovado sugar
    Method:
    1. If using fresh mangoes, slice and peel the mangoes. My preferred way is to slice the top off, then cut lengthwise along the sides of the stone and then slice into quarters and peel. Don't forget the edges of the stone, which often contain a fair amount of juicy pulp too. Keep four tiny slivers of mango aside for decoration.
    2. Smash the cardamom seeds with the flat edge of a knife and whiz them in a blender with the mango pieces or canned mango pulp. Check for sugar, adding some if your mangoes are very tart.
    3. Finally, mix the mango purée evenly with the crème fraîche and spoon into four dessert bowls. Top off with a small slice of mango to decorate and chill in the fridge until you need to put out the fire.
    Miss Masala by Malika Basu is published by Collins, priced £14.99.
    Words by Mallika Basu, Friday 30 April 2010


    Carrot Halwa

    Graters are among my least favourite kitchen gadgets. For years, I avoided this recipe like the bubonic plague for fear of the mess I would end up with if I didn't lovingly grate half a kilo of carrots entirely by hand.
    And then I bit the bullet and shredded the stuff in a food processor. The result was fantastic. The texture perfect. And who really cares about the texture when the taste is so good? Roll up your sleeves and don't leave cooking this one for an age. Serves 4.
    Ingredients:
    10 green cardamoms
    500g (1lb 2oz) carrots
    3 tbsp ghee
    7 tsp light muscovado sugar
    200ml (7fl oz) whole milk
    1 tsp raisins
    1 tbsp cashew nuts
    Method:
    1. Preheat the oven to 190˚C (375˚C), gas mark 5.
    2. Place the cardamoms on a baking tray and bake for about 10 seconds. Allow to cool, then crush in a coffee grinder or using a pestle and mortar.
    3. Peel and roughly shred the carrots in a food processor. You will need to do this in 2-3 batches, depending upon the size of your machine, to avoid letting the odd lump of carrot.
    4. In a medium pan, heat the ghee on a high setting and, when it is hot,stir in the sugar. As it caramelises, mix in the grated carrots and sauté for 5 minutes until they begin to brown. Next, lower the heat to medium and stir in the milk and ground cardamoms.
    5. Now all you have to do is stew the carrots for 15 minutes over a medium heat until all the liquid is absorbed. Stir in the raisins and cashew nuts to finish and serve in little bowls for big impact.
    Miss Masala by Malika Basu is published by Collins, priced £14.99.
    Words by Mallika Basu, Friday 30 April 2010

    Fonte:
    http://www.marieclaire.co.uk/lifestyle/recipes/452863/berry-dal.html
     http://www.marieclaire.co.uk/lifestyle/recipes/452971/mango-fool.html
    http://www.marieclaire.co.uk/lifestyle/recipes/452985/carrot-halwa.html

    FOOD, INC

    "How much do we really know about the food we buy at our local 
supermarkets and serve to our families?
    In Food, Inc., filmmaker Robert Kenner lifts the veil on our nation's food industry, exposing the highly mechanized underbelly that has been hidden from the American consumer with the consent of our government's regulatory agencies, USDA and FDA. Our nation's food supply is now controlled by a handful of corporations that often put profit ahead of consumer health, the livelihood of the American farmer, the safety of workers and our own environment. We have bigger-breasted chickens, the perfect pork chop, herbicide-resistant soybean seeds, even tomatoes that won't go bad, but we also have new strains of E. coli—the harmful bacteria that causes illness for an estimated 73,000 Americans annually. We are riddled with widespread obesity, particularly among children, and an epidemic level of diabetes among adults.
    Featuring interviews with such experts as Eric Schlosser (Fast Food Nation), Michael Pollan (The Omnivore's Dilemma, In Defense of Food: An Eater's Manifesto) along with forward thinking social entrepreneurs like Stonyfield's Gary Hirshberg and Polyface Farms' Joel Salatin, Food, Inc. reveals surprising—and often shocking truths—about what we eat, how it's produced, who we have become as a nation and where we are going from here."



    Fonte e imagem:
    http://foodincmovie.com/about-the-film.php